Associação Americana de Diabetes (ADA) publica nova recomendação para diagnóstico de Osteoporose em pessoas com Diabetes Tipo 2

Preocupação e discussão científica foi iniciada internacionalmente. Novo limiar pode impactar diretamente o elevado número de pessoas com essas doenças crônicas que existem hoje em dia no Brasil.

 

Impacto das doenças crônicas na sociedade e o que devemos fazer

Você sabia que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crônicas (AVC/derrame, coração, câncer, diabetes, hipertensão, obesidade, osteoporose, entre outras) causam 74% das mortes no mundo e a atividade física insuficiente é reportada como um dos principais fatores de risco para as doenças crônicas em todo o mundo. Sendo assim, o acelerado processo de envelhecimento global está sendo colocado como um momento de desafios e oportunidades. Por exemplo, um estudo realizado no Brasil, reportou que em 2010, existiam 39 idosos para cada grupo de 100 jovens e que em 2040, estima-se 153 idosos para cada 100 jovens. Desta forma é inegociável que essa população pratique exercícios físicos regularmente com orientação e supervisão de Profissionais de Educação Física e Esporte capacitados(as).

Diabetes Tipo 2

Ao analisarmos somente duas das doenças crônicas citadas anteriormente, diabetes e osteoporose, já conseguiremos dimensionar o potencial de impacto das doenças crônicas na sociedade atualmente. A Federação Internacional de Diabetes (IDF, em inglês) estimou que um em cada 11 adultos com idade entre 20 e 79 anos tinha diabetes no mundo em 2015, sendo 90% destes com diabetes tipo 2. No Brasil o diabetes atinge 10,2% da população brasileira, conforme dados da pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel Brasil 2023). O envelhecimento da população, a crescente prevalência da obesidade e do sedentarismo e os processos de urbanização são considerados os principais fatores relacionados ao aumento da incidência (frequência com que surgem novos casos da doença) e prevalência (frequência de pessoas que apresentaram a doença ao longo da vida) do diabetes tipo 2 em todo o mundo. Esse cenário tem gerado um alto custo social e financeiro ao paciente e aos sistemas de saúde (público e privado), uma vez que o diabetes tipo 2 está associado, também, a complicações como insuficiência renal, amputação de membros inferiores, cegueira, doença cardiovascular, entre outras.

Osteoporose

Quanto à osteoporose, segundo estimativa da Fundação Internacional de Osteoporose (IOF), uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens, com mais de 50 anos, sofrerão uma fratura devido à fragilidade óssea. Desta forma, a osteoporose é a principal causa de fraturas na população acima de 50 anos e atinge ambos os sexos, mas com predominância no sexo feminino, e a sua prevalência aumenta com a idade. Um dos maiores problemas é que a osteoporose pode ser assintomática (sem apresentar sintomas) até que a pessoa apresente uma fratura. As fraturas mais comuns relacionadas à osteoporose são as vertebrais, de antebraço e de quadril (fêmur proximal). O fato de completar 50 anos realmente é um marco importante para o tecido ósseo, pois dentre as pessoas 50+; 30% das mulheres e 13% dos homens poderão sofrer algum tipo de fratura decorrente da osteoporose ao longo da vida. Em mulheres, a fratura vertebral tem importância significativa, com aumento de sua incidência proporcional à idade, mas com incidência crescente a partir dos 50 anos de idade. Por último e o mais impactante é que antes mesmo dos 50, ou seja, em mulheres acima dos 45 anos, a osteoporose é responsável por mais dias de internação do que qualquer outra doença, incluindo diabetes, infarto do miocárdio e câncer de mama.

 

Diabetes Tipo 2 & Osteoporose

O diabetes tipo 2 e a osteoporose são duas doenças crônicas comuns na população idosa. O risco aumentado de fraturas em indivíduos com diabetes tem sido investigado há mais de 30 anos. A densidade mineral óssea é uma ferramenta importante na estratificação do risco de fraturas e, até agora, a sua estimativa pela densitometria óssea de dupla absorção de Raios-X (DXA) continua sendo a melhor avaliação, ou seja, o padrão ouro para o diagnóstico de osteoporose – também em indivíduos com diabetes. Recentemente, a Associação Americana de Diabetes (ADA) reportou uma nova recomendação para o diagnóstico de osteoporose nos Padrões de Atendimento em Diabetes – 2024:

  • Na população em geral continua um escore T (desvio-padrão) maior ou igual a −2,5 obtido pela densitometria óssea com DXA como o limite para considerar o tratamento da osteoporose.
  • Agora para pessoa com diabetes tipo 2, uma vez que este escore T subestima o risco de fratura;
  • Um escore T maior ou igual a −2,0 pode ser mais apropriado para considerar o início do tratamento da osteoporose.

Mais recente ainda foi a publicação de uma revisão sistemática que analisou a literatura científica sobre essa nova recomendação e reportou que alguns estudos apoiam o ajuste com base na diferença de 0,5 do escore T da densidade mineral óssea entre indivíduos com diabetes tipo 2 e indivíduos sem diabetes. No entanto, são necessários mais dados de estudos recentes e longitudinais para validar se o limiar de tratamento do escore T necessita de modificação para prevenir fraturas de pessoas com diabetes tipo 2 da população atual. De toda forma, a pessoa com diabetes tipo 2 deve aderir as melhores práticas para que os riscos dessas doenças crônicas, seja isolada ou em conjunto, não impactem negativamente a sua qualidade de vida e saúde. Sabendo que a prática regular de exercício físico orientado e supervisionado por Profissionais de Educação Física e Esporte capacitados(as) é altamente recomendada.

Se você é uma pessoa 50+ ou ama uma pessoa 50+ e ficou curioso(a) para saber um pouco mais do que é necessário para se evitar fraturas ósseas, siga as nossas redes sociais para não perder o próximo post aqui no Blog do Núcleo 50 Mais Saúde.

REFERÊNCIAS

  1. American Diabetes Association Professional Practice Committee. 4. Comprehensive Medical Evaluation and Assessment of Comorbidities: Standards of Care in Diabetes – 2024. Diabetes Care, 2024;47(Suppl 1):S52-S76.
  2. Brandt IAG, et al. Diagnosing osteoporosis in diabetes – a systematic review on BMD and fractures. Curr Osteoporos Rep, 2024;22(2):223-244.
  3. Claudino JG, et al. Strength training to prevent falls in older adults: a systematic review with meta-analysis of randomized controlled trials. J Clin Med, 2021;10(14):3184.
  4. Costa AF, et al. Carga do diabetes mellitus tipo 2 no Brasil. Cad Saúde Pública, 2017;33(2):e00197915.
  5. International Diabetes Federation. IDF diabetes atlas. 6th Brussels: International Diabetes Federation; 2013.
  6. Guthold R, et al. Global trends in insufficient physical activity among adolescents: a pooled analysis of 298 population-based surveys with 1·6 million participants. Lancet Child Adolesc Health, 2020;4(1):23-35.
  7. Guthold R, et al. Worldwide trends in insufficient physical activity from 2001 to 2016: a pooled analysis of 358 population-based surveys with 1.9 million participants. Lancet Glob Health, 2018;6(10):e1077-e1086.
  8. Miranda GMD, et al. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras Rev Bras Geriatr Gerontol, 2016;19(3):507-519.
  9. Mitchell E, Walker R. Global ageing: successes, challenges and opportunities. Br J Hosp Med, 2020;81(2):1-9.
  10. Organização Mundial da Saúde (OMS). Global status report on noncommunicable diseases 2014. Geneva: World Health Organization; 2014. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241564854. Acesso em: 03 de maio de 2024.
  11. Organização Mundial da Saúde (OMS). Noncommunicable diseases. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/noncommunicable-diseases. Acesso em: 03 de maio de 2024.
  12. Pedro AO, et al. Manual brasileiro de osteoporose: orientações práticas para os profissionais de saúde. 1ª São Paulo:Editora Clannad, 2021.
  13. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014. São Paulo: Sociedade Brasileira de Diabetes; 2014.
  14. Zheng Y, et al. Global aetiology and epidemiology of type 2 diabetes mellitus and its complications. Nat Rev Endocrinol, 2018;14(2):88-98.

4 thoughts on “Associação Americana de Diabetes (ADA) publica nova recomendação para diagnóstico de Osteoporose em pessoas com Diabetes Tipo 2

    • João Claudino says:

      Prezada Sônia Carvalho iremos compartilhar por aqui informações que reforçarão mais ainda a importância e necessidade da prática regular de exercícios físico. Vamos nessa?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?